(Projeto selecionado no Edital Portas Abertas – Artes Visuais - da Fundação Cultural do Governo do Estado da Bahia (Funceb) no ano de 2008)
Exposição Fotográfica Tan Cercanos, Tan Lejanos
Onde: Loja Saraiva - Salvador Shopping
Quando: Abertura - 03 de julho ( sexta ) - 19h
Entrada Franca
¨Tan Cercanos, Tan Lejanos¨ nasce com o intuito de abrir novas visões sobre alguns de nossos verdadeiros vizinhos, os países latino-americanos, objetivando aumentar a integração cultural com estes e suas realidades. Existe de fato uma grande lacuna neste intercâmbio, pouco se sabe sobre eles, suas culturas e história, ao mesmo que pouco se sabe sobre o nosso país, correndo todo o risco do conhecimento deturpado. Neste sentido, este projeto procura diminuir esta distância que persiste entre o Brasil e os demais países latinos, trazendo para o público baiano uma visão diferenciada sobre os vizinhos sul-americanos, procurando construir uma outra imagem, não somente através de recursos visuais, mas também das músicas locais e de informações agregadas aos quase 70 registros fotográficos.
CONTEXTO
Montevidéu
Em muito, a lacuna constituída entre o Brasil e seus vizinhos sul-americanos deve-se a uma mídia que segue noticiando todos os passos de presidentes do hemisfério norte, com interesses voltados para os países mais ricos acima da linha do Equador, que tem seus rumos voltados aos interesses europeus e americanos. Cria-se na sociedade brasileira um referencial bastante distante de sua verdadeira realidade e a afasta completamente daqueles que compartilham parte de suas raízes e problemas. Temos filmes americanos e europeus nos cinemas, temos programas televisivos e canais de TV por assinatura com as mesmas nacionalidades, e não temos sequer um programa de TV que se dedique a falar de Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, não esquecendo daqueles mais ao norte (América Central, Caribe e México*). O máximo que conseguimos trazer da América Latina é o programa do Chaves com Seu Madruga unido à novelas mexicanas, ambos oriundos de um país que vive à sombra dos EUA, que, por sua vez, em tempos de paz, tenta inventar guerras desnecessárias ( como os recentes episódios envolvendo Equador, Colômbia e Venezuela, assim como a extensa presença militar em território colombiano e nas suas fronteiras) num dos continentes mais pacíficos do planeta. E justamente por esta paz, é possível avançar sobre a cultura destes países, assimilando-a de forma harmoniosa, preenchendo este espaço ainda pouco explorado.
Cuzco
Nossos vizinhos possuem belezas naturais ímpares e cidades-capitais que, por si só, já reservam uma série de atrativos históricos, repletos de cultura e vida própria. Suas belezas diferem em muito do que vemos em nosso Brasil, que muito mal conhecemos... São belezas muitas vezes inóspitas e difíceis de serem assimiladas, uma vez que, em muito, reproduzimos valores europeus ou norte-americanos mas, nem por isso, são menos ricas ou encantadoras. As tradições indígenas e locais, a rica culinária, os festejos populares, as bebidas, os costumes surpreendentes. Desde locais famosos como Machu-Pichu, Bariloche ou Punta del Leste, a sítios não tão conhecidos, mas de raríssima beleza, como o lago Titikaka, Copacabana boliviana, Ilhas dos Uros, Salar de Ayuni, Cabo Apolônio, Champaqui, La Cumbrecita, Ilha Margarida, entre outros, diversos são os destinos turísticos para os brasileiros. Este projeto tenta evidenciar registros visuais de alguns destes sítios com um olhar mais atento sobre suas nuances, tentando assim, estimular novas interpretações e visões fotográficas, sejam elas realizadas localmente ou em solo estrangeiro.
Córdoba
São apresentadas texturas e cores não usuais ao cotidiano nacional, com uma linguagem fotográfica quase documental, de paisagens inóspitas e desconhecidas, de mensagens veladas, despertando novas possibilidades, independente da área de arte visual. Desde o carnaval saudosista de Montevidéu, com as suas canções de murgas, da fé dos aymaras bolivianos na Virgem de Copacabana, da tecnologia natural desenvolvida pelos índios Uros no Peru, até os criollos do norte argentino, que revelam uma Argentina muito menos européia e muito mais latina e indígena: todos são exemplos da singularidade de cada uma destas regiões, que ao mesmo tempo, podem apresentar elementos muito próximos a nossa formação, como a influência católica, e o seu sincretismo com os costumes Incas, por exemplo, onde podemos citar o hábito centenário e salutar do uso da folha de coca pelos aymaras e cocaleros. Além das manifestações, dos costumes, do cotidiano e das tradições, outro aspecto registrado é a arquitetura, que por muitas vezes mostra paralelos pelo estilo barroco, e por outras, evidencia traços claros da influência ibérica e indígena.
Titikaka, Copacabana
Mesmo na presença de tanta cultura a ser transmitida, não existe nenhum planejamento sério e concreto no cenário sul americano para uma organização e fortalecimento dos laços entre estes países, principalmente, no campo cultural. E neste campo, criamos o hábito de super-valorizar Europa e EUA, esquecendo do que existe ao nosso redor. Os registros visuais destas manifestações, sejam elas pontuais ou cotidianas, podem justamente levar ao despertar da curiosidade sobre os lugares e ocasiões fotografados, por utilizar de uma ótica mais curiosa, desprendida e menos pasteurizada, contrapondo-se a imagem criada pela mídia atual sobre estes países, tão negativa e depreciativa, fazendo destes locais verdadeiras caixas pretas aos olhos do cidadão comum. Essa ótica descompromissada usada nos registros deste trabalho, associada à abordagem questionadora como é apresentado, revela os diferenciais do projeto, tornando-o um exercício lúdico de reflexão, evidenciando a justificativa para a exposição: um estímulo à descoberta de novas fronteiras e ao questionamento sobre a atual situação dos relacionamentos entre os países da América do Sul, que se encontram tão próximos e tão distantes (“Tan Cercanos, Tan Lejanos”). Com este projeto, pretende-se oferecer a oportunidade de cruzar as fronteiras do conhecimento superficial, de romper com a massificação cultural, de (re)descobrir a América Latina, viajando com os olhos, com a música, envolvendo e conduzindo o público para uma leitura ainda mais rica sobre os registros fotográficos, expandindo suas fronteiras de forma lúdica e paulatina. A temática do projeto procura ser livre, sem focar num assunto específico, mas usando um eixo principal, que são os próprios países da América Latina que são nossos vizinhos, evidenciando suas pessoas, seus costumes, suas paisagens e história - todos "Tan Cercanos, Tan Lejanos"
CONTEXTO
Em muito, a lacuna constituída entre o Brasil e seus vizinhos sul-americanos deve-se a uma mídia que segue noticiando todos os passos de presidentes do hemisfério norte, com interesses voltados para os países mais ricos acima da linha do Equador, que tem seus rumos voltados aos interesses europeus e americanos. Cria-se na sociedade brasileira um referencial bastante distante de sua verdadeira realidade e a afasta completamente daqueles que compartilham parte de suas raízes e problemas. Temos filmes americanos e europeus nos cinemas, temos programas televisivos e canais de TV por assinatura com as mesmas nacionalidades, e não temos sequer um programa de TV que se dedique a falar de Paraguai, Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, não esquecendo daqueles mais ao norte (América Central, Caribe e México*). O máximo que conseguimos trazer da América Latina é o programa do Chaves com Seu Madruga unido à novelas mexicanas, ambos oriundos de um país que vive à sombra dos EUA, que, por sua vez, em tempos de paz, tenta inventar guerras desnecessárias ( como os recentes episódios envolvendo Equador, Colômbia e Venezuela, assim como a extensa presença militar em território colombiano e nas suas fronteiras) num dos continentes mais pacíficos do planeta. E justamente por esta paz, é possível avançar sobre a cultura destes países, assimilando-a de forma harmoniosa, preenchendo este espaço ainda pouco explorado.
Nossos vizinhos possuem belezas naturais ímpares e cidades-capitais que, por si só, já reservam uma série de atrativos históricos, repletos de cultura e vida própria. Suas belezas diferem em muito do que vemos em nosso Brasil, que muito mal conhecemos... São belezas muitas vezes inóspitas e difíceis de serem assimiladas, uma vez que, em muito, reproduzimos valores europeus ou norte-americanos mas, nem por isso, são menos ricas ou encantadoras. As tradições indígenas e locais, a rica culinária, os festejos populares, as bebidas, os costumes surpreendentes. Desde locais famosos como Machu-Pichu, Bariloche ou Punta del Leste, a sítios não tão conhecidos, mas de raríssima beleza, como o lago Titikaka, Copacabana boliviana, Ilhas dos Uros, Salar de Ayuni, Cabo Apolônio, Champaqui, La Cumbrecita, Ilha Margarida, entre outros, diversos são os destinos turísticos para os brasileiros. Este projeto tenta evidenciar registros visuais de alguns destes sítios com um olhar mais atento sobre suas nuances, tentando assim, estimular novas interpretações e visões fotográficas, sejam elas realizadas localmente ou em solo estrangeiro.
São apresentadas texturas e cores não usuais ao cotidiano nacional, com uma linguagem fotográfica quase documental, de paisagens inóspitas e desconhecidas, de mensagens veladas, despertando novas possibilidades, independente da área de arte visual. Desde o carnaval saudosista de Montevidéu, com as suas canções de murgas, da fé dos aymaras bolivianos na Virgem de Copacabana, da tecnologia natural desenvolvida pelos índios Uros no Peru, até os criollos do norte argentino, que revelam uma Argentina muito menos européia e muito mais latina e indígena: todos são exemplos da singularidade de cada uma destas regiões, que ao mesmo tempo, podem apresentar elementos muito próximos a nossa formação, como a influência católica, e o seu sincretismo com os costumes Incas, por exemplo, onde podemos citar o hábito centenário e salutar do uso da folha de coca pelos aymaras e cocaleros. Além das manifestações, dos costumes, do cotidiano e das tradições, outro aspecto registrado é a arquitetura, que por muitas vezes mostra paralelos pelo estilo barroco, e por outras, evidencia traços claros da influência ibérica e indígena.
Mesmo na presença de tanta cultura a ser transmitida, não existe nenhum planejamento sério e concreto no cenário sul americano para uma organização e fortalecimento dos laços entre estes países, principalmente, no campo cultural. E neste campo, criamos o hábito de super-valorizar Europa e EUA, esquecendo do que existe ao nosso redor. Os registros visuais destas manifestações, sejam elas pontuais ou cotidianas, podem justamente levar ao despertar da curiosidade sobre os lugares e ocasiões fotografados, por utilizar de uma ótica mais curiosa, desprendida e menos pasteurizada, contrapondo-se a imagem criada pela mídia atual sobre estes países, tão negativa e depreciativa, fazendo destes locais verdadeiras caixas pretas aos olhos do cidadão comum. Essa ótica descompromissada usada nos registros deste trabalho, associada à abordagem questionadora como é apresentado, revela os diferenciais do projeto, tornando-o um exercício lúdico de reflexão, evidenciando a justificativa para a exposição: um estímulo à descoberta de novas fronteiras e ao questionamento sobre a atual situação dos relacionamentos entre os países da América do Sul, que se encontram tão próximos e tão distantes (“Tan Cercanos, Tan Lejanos”). Com este projeto, pretende-se oferecer a oportunidade de cruzar as fronteiras do conhecimento superficial, de romper com a massificação cultural, de (re)descobrir a América Latina, viajando com os olhos, com a música, envolvendo e conduzindo o público para uma leitura ainda mais rica sobre os registros fotográficos, expandindo suas fronteiras de forma lúdica e paulatina. A temática do projeto procura ser livre, sem focar num assunto específico, mas usando um eixo principal, que são os próprios países da América Latina que são nossos vizinhos, evidenciando suas pessoas, seus costumes, suas paisagens e história - todos "Tan Cercanos, Tan Lejanos"
(para ampliar, clique nas fotos)
Autor (texto e fotos): Pablo Vieira Florentino
* O conceito de América Latina pode ser definido pela apreensão de todos os países do continente americano que falam espanhol, português ou francês, também, outros idiomas derivados do latim. Compreende a quase totalidade da América do Sul, engloba todos os países da América Central e alguns outros países do Caribe – como Cuba e Haiti. Na América do Norte, apenas o México é considerado como parte da América Latina. Estes países possuem semelhanças nos seus processos históricos: aproximadamente três séculos de exploração colonial pelos conquistadores europeus; a dominação imperialista européia e; depois, o capitalismo norte-americano. A compreensão da América Latina, e a ligação existente entre seus países, só pode ser entendida a partir da percepção da semelhança de seus processos e das raízes históricas da opressão e das lutas de libertação dos povos americanos – intrínsecas em suas manifestações culturais. (por Iara Icó)
Realização: FUNCEB
Patrocínio / Apoio:
Equipe: Lorena Saavedra, Helder Vieira Florentino, Monica Fernandes, Lilian Pinho
E-mail: pablovf @ gmail.com
Site: http://cercanoslejanos.blogspot.com/
7 comentários:
Bela iniciativa, meu caro. Só vejo que a causa dessa "lejania" tem raiz mais profunda e antiga, reforçada (ou seria refletida?)pela mídia, e se dá de maneira similar em nossos vizinhos.
Trata-se de ótimo tema para discussão no âmbito latino-americano e que creio, poderá aproximar nossas sociedades além dos laços comerciais, estes que já levam anos para serem atados via nossos governos.
Hablamos así que posible ;-)
Muito lindas as suas fotos. Têm uma poesia e uma capacidade de nos remeter aos lugares "Tan Cercanos, Tan Lejanos". Parabéns, viu? Já estou esperando as próximas!
Parabéns pelas fotos. Lindas!
Gostei ainda mais especialmente das fotos de Montevideo e de uma escadaria em Cuzco (2005).
Espero que essa mostra seja a primeira de muitas... muitas imaginações e poucas certezas, para que vc possa nos brindar com tão belas interpretações das nossas semelhanças e diferenças com nossos irmãos latinos.
Parabéns Pablito!
Só agora vi a atualização das fotos. Ficou um trabalho belíssimo. Bom de se ver e admirar. Acho que quero a foto dos carros... rsrsrs Bem coloridas, montagem com alto astral. Parabéns e sucesso!!!!
MUITO BEM PABLO! DESENVOLVENDO O OLHAR E A SENSIBILIDADE P/ SOCIAL FUNDAMENTAL NOS DIAS Q VIVEMOS!
PARABÉNS!
ANA PAULA PESSOA
Pablo, visitei hoje o site Tan Cercanos, Tan Lejanos, e gostei muito do que vi. Você possui uma sensibilidade grande para mostrar esse mundo sob outro olhar.
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